Pular para o conteúdo principal

Por que o desmatamento da Amazônia pode prejudicar o ecossistema mundial


por Pietra Soares — última modificação 14/06/2017 09:44
Por que o desmatamento da Amazônia pode prejudicar o ecossistema mundial

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento feito desde 1970 até os dias de hoje na Amazônia supera 768 quilômetros quadrados.
768,935 quilômetros quadrados. Maior que três vezes a área do Reino Unido. Superior a todo o território da região sul brasileira. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esse é o tamanho do desmatamento feito desde 1970 até os dias de hoje na Amazônia. O Brasil foi responsável por aproximadamente 79% dos mais de 750 mil quilômetros quadrados desmatados na Amazônia. Qual o impacto do desmatamento na Amazônia no meio ambiente global nos próximos anos?
A reportagem é de Isaac Guerreiro, publicada por Portal Amazônia, 13-06-2017.
Segundo o cientista e ganhador do prêmio Nobel da PazPhilip Fearnside, as consequências desse impacto na Amazônia só podem ter um resultado: catastrófico. Philip afirma que toda a Amazônia é construída sobre uma delicada teia de relações e, ao que tudo indica, pode chegar no momento em que será impossível recuperar a Amazônia e um clima saudável em todo o planeta.Isso porque a Amazônia tem um importante papel numa das principais mudanças que o nosso planeta já viu: o aquecimento global.

Aquecimento global

Em 1859, o cientista britânico John Tyndall descobriu que alguns gases absorvem pouco calor em forma de raios solares e outros bem mais. Nos seus experimentos, ele percebeu que os gases que mais acumulavam calor eram metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), e vapor de água. Segundo ele, eram esses gases que conseguiam manter a temperatura do planeta quente o suficiente para que fosse possível sustentar a vida.
A combustão de combustíveis fósseis como carvão, gás e petróleo foi a principal fonte de energia da humanidade a partir da industrialização. No século 20 o aumento do consumo generalizado de combustíveis fósseis em todo o mundo produziu uma grande quantidade de gases como dióxido de carbono e metano para a atmosfera.
Graças a essa descoberta, muito tempo depois foi possível descobrir as causas do aumento da temperatura no planeta. O feito aconteceu em 23 de junho de 1988, durante uma comissão organizada pelo senado dos Estados Unidos, que convocou vários cientistas para tentar explicar uma onda de calor que assolava o país na época. James Hansen, climatólogo-chefe da Nasa, na época, explicou que os gases produzidos pela combustão de carvão, gás e petróleo [desde as épocas pré-industriais da humanidade] têm criado uma barreira para os raios de Sol refletidos pelo planeta Terra.
Segundo ele, o planeta Terra recebe a luz do sol e reflete uma parte dela. Os gases do efeito estufa, descobertos por John Tyndall, prendem o calor dos raios solares na atmosfera ao invés de serem refletidas para o espaço. Quanto maior a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera, maior o calor sentido no chão.

Carbono

Mas qual a relação entre esse fenômeno e Amazônia? Segundo o cientista Philip Fearnside, as plantas realizam a fotossíntese, um processo que tira o dióxido de carbono da atmosfera e junto com a luz solar transforma em energia para a planta. O carbono presente no gás é transformado e é acumulada pelas árvores. Pela grande quantidade de árvores a Amazônia é o maior depósito ativo de carbono do planeta. Retirando milhões de toneladas de carbono do ar todos os anos.
“A região tem um grande estoque de carbono por causa da enorme floresta. Esse carbono está presente nas plantas e no solo. Se a floresta for convertida em pastagem, se a floresta morrer, mesmo que não seja por desmatamento, ainda assim, a região vai emitir esses gases em enorme quantidade”, afirma o pesquisador.

Água

Outro fator importante da Amazônia para o clima em todo o mundo é que a floresta produz vapor de água em grande quantidade. De acordo com relatório “O Futuro Climático da Amazônia” feito pelo cientista Antonio Nobre, as árvores podem ser comparadas a grandes compressores, que retiram água do subsolo e espalham essa umidade pela atmosfera através da transpiração.
Parte da água produzida pelas plantas se transformam em chuva que rega a própria floresta. Outra parte é levada pelos ventos do oceano Atlântico e vai para a região centro-oeste, sudeste, sul do Brasil e para outros países como Uruguai e Argentina. “Essa água é transformada em energia pelas hidrelétricas e em alimento pelas pastagens e plantações em fazendas da região”, afirma Fearnside.
Segundo o cientista, com o desmatamento a diminuição das chuvas nessas regiões é eminente. “A crise hídrica enfrentada em São Paulo é diretamente ligada ao aumento do desmatamento na região. Sem a Amazônia milhões de litros de água em forma de chuva vão deixar de ser distribuídas no planeta”, afirma Philip.
Fonte IHU

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

  ÀGUA POTÁVEL DE QUALIDADE: QUAL O X DA QUESTÃO? Liduina Tavares¹ Em Bacabal a questão água potável está na oferta, na quantidade, na qualidade ou na gestão da água? O que você, leitor, acha de tudo isso?   O que impede a oferta de água potável de qualidade, em Bacabal? Vamos enumerar algumas possíveis causas, sem descartar outras tantas: 1.O sistema de distribuição é antigo, de ferro e solda. Nesses casos, possivelmente, libera estanho, ferro, cromo. 2. A provável falta de manutenção e de limpeza periódica na tubulação. Essa situação, em casos de tubulações antigas, pode ocasionar o acúmulo de lodo, podendo apresentar materia orgânica decomposta. 3. Possível presença de heterotróficos, coliformes totais e termotolerantes na análise microbiológica da água. 4. Possibilidade de Unidade Nefilométrica de Turbidez de valor menor que 0,5 e maior que 1de turbidez e ferro contidos na análise fisica da água. 5. Alegação do poder público que é alto custo dos produtos para limpe

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O MITO DA MERITOCRACIA  

DUBET, François. A igualdade meritocrática das oportunidades. In: DEBET, François. O que é uma escola justa? : a escola das oportunidades. Trad. Ione Ribeiro Vale. Rev. Tec. Maria Tereza de Queiróz Piacentini. São Paulo: Cortez, 2008.     Bartolomeu dos Santos Costa [1]     François Dubet é Sociólogo, professor, coordenador e orientador de pesquisas na Université Bordeaux II e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris, França. Pesquisador do Centre d’Analyse et d’Intervention Sociologiques (CADIS/EHESS), desenvolveu relevantes pesquisas no campo da sociologia. Dubet é autor e organizador de diversos trabalhos, dentre os quis, destacam-se estudos sobre questões relativas à Educação, movimentos sociais e, recentemente, sobre estigmas e discriminações.     A partir de suas pesquisas, cunhou a noção teórica de “Sociologia da Experiência”, tema que resultou no livro Sociologie de l’expérience (1994), publicado também no Brasil posteriormente.      Outros trabalhos de

AS MULHERES POR CIMA:

APONTAMENTOS SOBRE A IDEIA DE DESREGRAMENTO FEMININO NO INÍCIO DA EUROPA MODERNA E A INVERSÃO SEXUAL COMO MODO DE RESISTÊNCIA    Bartolomeu dos Santos Costa    Natalie Zemon Davis é uma historiadora estadunidense e canadense, nascida na cidade de Detroit, no estado de Michigan, Estados Unidos. Após ter realizado a sua gradua ção no Smith College e o seu mestrado no Radcliffe College, no ano de 1959, ela conclui seu doutoramento na Universidade de Michigan, estudou também na Universidade de Harvard. Foi professora em diferentes universidades como a Universidade de Princeton, a Universidade Brown, a Universidade da Califórnia e a Universidade de Toronto. Suas pesquisas, enquanto historiadora, incluem trabalhos importantes como Trickster Travels3, The Gift in Sixteenth-Century France The Return of Martin Guerre5 e Women on the Margins: Three Seventeenth-Century Lives. Davis recebeu diversos prêmios e reconhecimentos como o grau honorário da Universidade de St. Andrews e a National Humanit