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... E BACABAL COMPLETOU 96 ANOS, SEM COMEMORAÇÃO.



Que nunca me falte a força divina para me inspirar, esperança para eu sempre desejar, coragem para eu lutar, uma ideologia para eu acreditar, e uma causa que justifique a minha convicção de que a luta não será vã.
A força divina faz-me sensível às causas e às pessoas, faz-me coerente e inspira-me o senso de justiça necessário para ver vendo, sem nunca banalizar o olhar. Mas lançar o olhar e agir.
Por essa força parabenizo a todos e todas os/as bacabalenses, homens e mulheres, que contribuem para que a cidade reencontre seu rumo, vislumbre um novo horizonte e transforme-se na Terra prometida (e quantos já prometeram!).
 Há noventa e seis anos, os/as bacabalenses sonham, recebem a promessa, confiam, esperam e muito pouco lhes é garantido, posteriormente (e todos os que prometem se dizem milagreiros!).  
Ainda assim, parabenizo a todos e todas pelos 96 anos de emancipação política do município, que fez aniversário e não ganhou nenhum presente. Hum! Reinauguraram a Biblioteca Silva Neto, situada à Rua Carlos Pereira, que esteve fechada para reforma há mais de um ano.
Não inauguraram o CRAS, na Rua Antonio Lobo, obra iniciada em 2014, no valor de R$ 561 mil reais, prevista para ser entregue no mês de agosto de 2015 e nesse 17 de abril de 2016 ainda não foi concluída.
Não inauguraram a Praça da Juventude, situada no Bairro da Areia, convenio firmado em 2013 Ah! Podem alegar que o convenio no valor de R$ 1.950.000,00 ( um milhão e novecentos e cinqüenta mil reais), se estenderá até 2017.Ta certo!
E para o esporte tem mais, tem o convênio 671833, do Ministério da Cultura, cujo objeto é Construção da PEC Modelo 300m2, no valor de R$ 2.020.000,00, dos quais já foram liberados  R$ 1.045.885,62. A última liberação foi em fevereiro de 2016 e nenhuma nova praça foi inaugurada. Ou foi?!
Não fizeram recapeamento asfáltico, mas o convênio 776997 ou 08007/12, cujo objeto é pavimentação e recapeamento asfáltico nas ruas e avenidas da sede do município de Bacabal, no valor de R$ 950.000,00, já foram liberados mais de setecentos mil. A última parcela liberada no dia 09 de março de 2016, no valor de quase quatrocentos mil reais, não diminuiu a buraqueira.
Só em 2016 já foram transferidos do governo federal para Bacabal mais de vinte e oito milhões ( R$ 28.519.635,99). Indigna-me saber que o dinheiro público desce pelo ralo da corrupção, da ostentação, da negação e da sonegação.
Não comemoraram melhores índices na Saúde, pois entre outros motivos, o Socorrão não tem esparadrapo, remédios, material de limpeza, roupa de cama. E não digam que não é verdade, pois o médico prescreve o remédio e o usuário tem que sair para comprar, leva lençóis de casa e veem os bravos funcionários da limpeza com rodos improvisados, luvas rasgadas, baldes furados. O que eu parabenizo nesse setor é a determinação, a convicção e disposição dos funcionários em servir ao povo, mesmo quando seus salários estão atrasados dois, três meses.
A esperança que me move aponta para dias melhores, nos quais a vida das pessoas seja prioridade para os governantes, certeza do povo, porque não é mais que obrigação daqueles que representam a população e, portanto, não estão fazendo favor ao oferecerem políticas públicas de qualidade na quantidade que atende a todos e não somente os parentes. Assim eu desejo!
A coragem que me inspira a luta vem da demanda popular, desse povo que reclama seus direitos e os vê negados. Vem da utopia, que o educador Paulo Freire bem definiu como sonho possível. Vem pelo fundamento da fé que eu professo que tem por base a justiça e o direito. A coragem em mim se expressa na sóbria consciência dos significados do termo justiça, distinguindo-os dos significados do termo caridade. E me aproprio do texto de Amós: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).
 A ideologia que eu acredito é a de que é possível resgatar a dignidade da política à luz da consciência e da reflexão ética assumidas e radicalizadas pelo Evangelho. A política na dimensão evangélica é a política “do que governa como aquele que serve”, ensina-nos frei Beto, a partir de Lc 22,25-26.
 Por fim, a causa que justifica a minha convicção de que a luta não será vã está na necessidade de trazer à luz para todas as pessoas o que fazem os representantes eleitos tomarem as decisões como representantes do povo, articulando-se em vários subgrupos componentes de um mesmo grupo político, contribuindo para que a fome, a miséria, a falta de saneamento, de saúde, de emprego, de geração de renda alimentem as eleições como um mercado de trocas, de um pão por um voto para um.
Em tempo de aniversário é bom que se rasque o papel que embrulha os canalhas vestidos de cordeiro para levar o seu voto e revelá-los para a sociedade como verdadeiros lobos viciados em usurpação de recurso público.
Liduína Tavares – ex-vereadora, membro efetivo da Academia Bacabalense de Letras; pedagoga, professora da rede pública estadual; especialista em Planejamento Educacional e em Fé e Política).













































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