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COPA DO MUNDO 2014, ILEGÍTIMA: elitista, privatista e antipopular

Recebi, via e-mail, a análise sobre a Copa do Mundo 2014 e a dividi em três postagens, com o mesmo título: COPA DO MUNDO 2014, ILEGÍTIMA:  elitista, privatista e antipopular. 

A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT com sede em Curitiba-PR e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.


Elitização e privatização do futebol
Junto com os exorbitantes gastos nas arenas para cumprir o padrão FIFA vem outra consequência: a elitização do futebol brasileiro. Cerca de 203 mil pessoas assistiram à final da Copa do Mundo de 1950 no Maracanã, o que representava por volta de 8,5 por cento da população do Rio de Janeiro. As entradas para secções de assentos "geral” e "popular,” de onde pessoas das classes média e trabalhadora assistiram ao jogo, representavam 80 por cento do total de assentos. Boa parte dos espectadores assistiu à partida de pé, num estádio com capacidade para 199 mil pessoas.
Para além da elitização, assiste-se ainda a uma privatização dos espaços públicos. Antes da atual remodelagem muitos estádios eram públicos e agora se tornarão privados. Entre eles, por exemplo, o Maracanã uma "arena multiuso” que albergava, além de eventos desportivos, recitais musicais e espetáculos dos tipos mais diversos. Agora, sobre as arquibancadas foram construídos camarotes com ampla visão do campo, com vidros que separam os espectadores VIP do resto dos espectadores. Contam com bares, televisão e ar condicionado, costumam ser alugados por empresas que convidam sócios e funcionários que têm o privilégio de chegar diretamente de carro por uma rampa sem o mínimo contato com as ‘massas’.
Nas suítes privativas dos estádios reformados com dinheiro público, milionários e empresas pagam 2,3 milhões de dólares por ingresso vendido por associada da FIFA, comenta Andrew Jennings.
Outro exemplo, entre outros, é a arena das Dunas construída em Natal-RN. A arena foi construída sobre os escombros do antigo Machadão – estádio público. Com a destruição do Machadão se destruiu também oMachadinho – ginásio de esportes que abrigava jogos esportivos da rede pública de ensino. Agora o espaço, anteriormente público, se tornou privado e o Estado não tem mais nenhuma ingerência sobre ele. Tampouco os pobres. Os preços dos ingressos se tornaram proibitivos. Somente entram nas arenas privadas quem ganha muito bem.
O claro caráter anti-popular da Copa do Mundo 2014 ficou evidente na interpelação dos cartazes nas ruas:
"Não queremos estádios - Queremos escolas e hospitais”
"Queremos escolas e hospitais no padrão Fifa”
"Quando seu filho ficar doente leve-o ao estádio”
"Quantos hospitais cabem em um estádio de futebol?”
"Quantas escolas valem um maracanã?”
"Enquanto a bola rola, falta saúde e escola
"Era uma vez o dinheiro do Brasil, veio a FIFA, ele sumiu"
"Copa é prioridade no Brasil?”
"Eu não votei na FIFA”
"Go home Blatter”
"Fora FIFA”


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