Professores de escolas rurais terão curso de licenciatura
Com 30 vagas na habilitação
em ciências da natureza e matemática e 30 vagas em ciências agrárias, a
Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se prepara para selecionar
professores que lecionam em escolas públicas do campo, mas não têm
licenciatura. A UFMA participa de um grupo de instituições federais de
ensino superior selecionado em 2012, por edital, para abrir
licenciaturas específicas para educadores que trabalham no campo.
De acordo com o coordenador do curso na
UFMA, José de Ribamar, a próxima turma de professores fará a formação no
câmpus Bacabal, município da região central do estado, distante 260
quilômetros de São Luís. A escolha do câmpus visa atender educadores de
vários municípios do entorno de Bacabal. As duas primeiras turmas, que
ingressaram em 2009 e 2010, fazem a formação em São Luís.
A licenciatura específica para
professores de escolas do campo construída pela UFMA tem parte intensiva
em regime de internato na universidade e parte de pesquisas na
comunidade onde o educador trabalha. A cada ano, explica José de
Ribamar, os professores ficam 81 dias na universidade, divididos quatro
períodos do ano; e as demais tarefas eles desenvolvem na comunidade, com
orientação de professores da UFMA.
A licenciatura em ciências da natureza e
matemática tem 4.605 horas, das quais 2.975 horas presenciais no regime
de internato; a licenciatura em ciências agrárias tem 4.885 horas de
duração, sendo 2.855 horas presenciais. As licenciaturas do campo têm
carga horária maior que as demais, explica José de Ribamar, porque a
maior parte dos alunos vem com grande defasagem na sua formação. “Antes
de começar o curso é preciso recuperar conteúdos pouco ou mal estudados,
especialmente de matemática e língua portuguesa”, diz.
Outra dificuldade dos educadores é
combinar estudo e trabalho. Quase 100% deles não são liberados pelas
secretarias municipais de educação para estudar, segundo o coordenador.
“Nos casos mais tranquilos, o educador paga um colega para dar as aulas,
enquanto ele faz a formação presencial na universidade.” Mesmo com
problemas dessa ordem, a UFMA constatou que a evasão é baixa. Da turma
de 60 alunos que ingressou em 2009, 51 deles vão concluir o curso e da
turma de 2010, 20 desistiram. Nas duas primeiras turmas, a maior parte
dos alunos está na faixa de 35 a 40 anos, mas tem estudante com 63 anos e
com 25.
Pelo país – De 2013 a
2015, um conjunto de universidades e institutos federais, selecionados
pelo Ministério da Educação, por edital, deve abrir 15 mil vagas em
cursos de licenciaturas presenciais, específicos para professores sem
graduação que lecionam em escolas públicas do campo. Para 2013, são
4.865 vagas em instituições espalhadas nas cinco regiões do país.
Pelo Programa de Apoio à Formação
Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), o MEC repassa
recursos para a implantação de cursos regulares de licenciatura no
campo, que integrem ensino, pesquisa e extensão. A abertura de vagas
anuais, por instituição, varia de 120 para cursos novos e 60 para
ampliação de cursos existentes. A prioridade no atendimento é a
professores dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, sem
licenciatura, que trabalham em escolas no campo.
As sete universidades e um instituto que
ingressaram no Procampo nas seleções de 2008 e 2009, e que participaram
do edital de 2012, estão autorizados a abrir 60 vagas por ano –
universidades federais do Amapá, de Santa Catarina, do Maranhão, do
Piauí, de Roraima, dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, a Universidade
de Brasília e o Instituto Federal do Maranhão; as demais devem abrir
cursos com 120 vagas anuais, no período de 2013 a 2015.
Para apoiar as instituições que estão no
Procampo, o Ministério do Planejamento autorizou, no final de maio
deste ano, a realização de concursos públicos para contratação de
professores e técnicos administrativos. Os novos ingressos devem
acontecer em 2013 e 2014.
O projeto pedagógico da licenciatura,
conforme o edital de seleção, deve ter períodos intensivos de formação
presencial dentro do câmpus universitário e períodos intensivos de
formação presencial nas comunidades onde o educador leciona, com
orientação da universidade ou do instituto onde o aluno está
matriculado.
O currículo é multidisciplinar, contendo
cinco áreas: linguagens e códigos; ciências humanas e sociais; ciências
da natureza; matemática; ciências agrárias. A recomendação do MEC é de
que as instituições deem preferência para as habilitações que contemplem
as áreas de ciências da natureza e matemática, que é onde estão as
maiores carências na rede escolar do campo.
Trajetória – A formação
superior de professores das escolas do campo é uma das ações do
Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) lançado em fevereiro
de 2013. O Pronacampo compreende ações para o acesso, a permanência e a
aprendizagem nas escolas com a valorização do universo cultural da
população residente no campo, formação inicial e continuada de
professores, infraestrutura física e tecnológica.
Leia a Portaria nº 86/2013, que criou o Pronacampo.
Conheça as instituições que oferecerão cursos para professores do campo.
Autor: MEC
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