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102 ANOS E O DESAFIO DA SEGURANÇA CIDADÃ.

 

Da bacaba a Bacabal algumas mudanças são registradas pelos gestores, comemoradas pela população e em menos de um ano tudo está igual. Reforma-se a mesma escola, pinta-se a mesma praça, soltam-se foguetes, alugam-se outros prédios, pois tem que inaugurar algum espaço – foi uma UBS? E a banda logo passa, mas também fica é patrimônio cultural imaterial. Parabéns!

O tempo que passa chuvoso, desaloja, desabriga e as lonas são estendidas, antes na Expoaba, no Ramal, na Biasa. As escolas são ocupadas, aulas interrompidas e a educação passa a segundo plano. O rio transbordou!

A festa seguiria, estava prevista, showmícios divulgados, o candidato ensaiado, os asseclas preparados e o povo, ah, o povo estava convidado por todos os canais repetidores de televisão, o convite foi ao vivo. Nada contra os shows e seus artistas, mas “O gasto de quase um milhão de reais com artistas, bandas e infraestrutura de shows ocorre em detrimento da fome, da miséria, da falta de programa específico de transferência de renda e de assistência aos desabrigados”, disse a promotora na Ação Civil Pública contra o município de Bacabal.

Ora, é tão mais importante mapear e monitorar os problemas que a cidade enfrenta e neste particular, mapear e monitorar as áreas de risco através de uma boa central de monitoramento da defesa civil municipal. Construir infraestrutura de proteção o que vai além das lonas que dividem os barracões que recebem as famílias, já traz um mínimo de segurança. Trazer a população para perto para discutir o problema e apresentar solução é considerar que o problema que o poder público precisa resolver é sentido pelo povo – a cidadã, o cidadão.

 A gestão pública precisa se aliar à organização comunitária, para agregar saberes diversos – da guarda municipal à engenharia, passando por assistência social, saúde, educação e cultura, bem como garantir uma coalizão de organizações da sociedade civil e especialistas da área socioambiental e climática.

Para que a segurança cidadã funcione, os líderes das cidades – tanto públicos quanto privados – devem trabalhar por objetivos prioritários de curto e longo prazos. Conquistas rápidas podem garantir capital politico, mas é necessário o comprometimento com a consolidação da segurança cidadã tendo em vista o longo prazo. Apesar da importância da flexibilidade, os atores da segurança cidadã devem estar preparados para se manter fiéis ao planejamento ao longo da sucessão de diferentes eleições e administrações. Para que funcionem, as intervenções têm que ser institucionalizadas em nível municipal (INSTITUTO IGARAPÉ, 2016).

 

É importante comemorar todos os esforços dos gestores para garantirem segurança cidadã. Quem sabe já pensar o problema recorrente de alagamento/desalojamento de famílias e fazer constar no próximo Plano Plurianual  - PPA com o compromisso político inadiável, pois a vida pede urgência; inserir desde agora na Lei de Diretrizes Orçamentária - LDO a real intenção de promover a vida direcionando recursos e ações para enfrentamento do problema com metas viáveis a curto, médio e longo prazos e, posteriormente, fazer constar na Lei Orçamentária Anual – LOA, os recursos, suas fontes e sua finalidade.

É nobre parabenizar a cidade que ainda jovem anseia por desenvolvimento sustentável.  É possível, um outro mundo é possível!

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Liduina Tavares – Profa da Educação Básica, membra fundadora e atual presidenta da Academia Bacabalense de Letras, ativista social e politica, ex-vereadora em Bacabal.  

 

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