CARTA AO PAI DO CÉU
Bacabal-MA, 09 de agosto de 2020.
Senhor,
Eu vos agradeço pela vida dos pais que vós permitistes viver até aqui. Eu clamo a vossa misericórdia para que continueis lhes poupando a vida.
Meu Pai do céu, quantos dos vossos filhos que também são pais, no mundo inteiro, inesperadamente, deixaram as suas famílias! Tendes misericórdia, meu Pai!
Ó, Senhor, não negues ao meu pai, o mestre de obras seu SOUSA, como bem era conhecido, a vossa salvação eterna, pois ele partiu na esperança da ressurreição.
Aqui, meu Pai do céu, eu vos peço o vosso abraço paterno salvívico. Desde o dia 05 de maio de 2012, falta-me o abraço mais aconchegante e forte que ja pude receber, pois de minha mãe os abraços eram suaves terapias para cura da alma. Era o meu pai que abraçava apertado.
Este dia dos pais de 2020 vem mais intenso na dor que sinto, não consigo ficar indiferente a mais de cem mil e quinhentas mortes só pela COVID-19; não consigo compreender o porquê da morte dos três policiais, em serviço; não compreendo a morte prematura do filho da minha amiga Nazidir, do sobrinho da minha amiga Aurismar, e de tantas outras mortes, meu Pai. São filhos e pais que se separam definitivamente sem pronunciar uma palavra ou abraçar pela ultima vez.
Eu sonho, meu Pai do céu:
Que nenhum pai abandone os seus filhos. Que os filhos não abandonem o seu pai.
Sou eu, Senhor, essa pobre filha cujo pai partiu em 2012, que vos pede nessa carta aberta. Sei que só em vós há o merecimento da minha súplica. Não me queiras mal, meu Pai, e perdoei a minha impertinência ao pedir-Lhe, ela está cheia da minha confiança no vosso pronto atendimento.
Assinado:
Liduina Tavares - a filha.
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