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RÉVEILLON


Mais uma vez, a cena se repete, como aliás, é comum em todo canto, país à fora, batizada com a palavra francesa de "réveillon". E, assim, como em todas as festas, haverá muita música, muita dança, fogos e bebidas; sem contar os cultos religiosos do local: as oferendas realizadas à beira-mar, o pulo das sete ondas, a pausa para assistir ao tambor de crioula e as bençãos do preto velho. Do outro lado, os pastores estarão queimando à satanás (enquanto solto, se faz o rei da festa). Quanta demagogia! Agimos como se realmente tivessémos o que festejar (sou um dos). E o que festejamos? Talvez a nossa própria indignação, a falência de um povo como nação, a miséria... O caos.

No caso do Rio de janeiro, a festa é grandiosa! Toneladas de fogos clareiam o céu, muito champanhe, cascatas de luz despencando de prédio, palcos de shows espalhados por todo lado e, o mais importante: uma parada de bunda, de uma certa cantora (nada contra)! Parece mesmo que o povo, virou bundão... Esqueceu dos salários atrasados, da falta de médicos, medicamentos, leitos e equipamentos nos hospitais; esqueceram das pessoas que se foram, arrancadas por uma bala perdida ou daquelas que morreram por omissão ou falta de compaixão do ser humano. O povo, além de bundão, sofre de  Alzheimer (tem memória curta); esqueceram das greves nas portas dos quartéis de polícia, brigando por um salário digno, esqueceram dos aposentados e pensionistas, que vivem à míngua, por falta de salário, etc, etc... Mas, precisamente, esqueceram dos 139 policiais assassinados no cumprimento do dever.

Porém, é réveillon, é o fim do último dia do ano, nada mais importa! É hora de concentrar esperanças, no ano que se avizinha, que tem o seu começo, coincidindo com o dia primeiro da primeira semana. Que se dane o resto! E como disse uma turista interna, na televisão: "o Rio de janeiro continua lindo!" Logo, logo, será carnaval e haveremos de ressuscitar o Joãozinho Trinta, para mais uma vez, retirar o luxo do lixo.

Acorda povo! A palavra RÉVEILLON, também significa "DESPERTAR"... É hora de agir.

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Fernando Cavalcante - poeta, escritor, cronista.

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