Pular para o conteúdo principal

Governo faz plano anticrise para blindar Dilma e Roseana e evitar intervenção

Preocupada com a situação da segurança pública no Maranhão, a presidente Dilma Rousseff pôs ontem em prática uma estratégia para blindar o Palácio do Planalto, esvaziar o possível pedido de intervenção federal no Estado e manter o apoio da família Sarney à campanha pela reeleição. Após encontro entre a governadora Roseana Sarney e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi lançado um plano anticrise.
A reportagem é de Vera Rosa e Felipe Recondo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 10-01-2014.
Sob pressão da comunidade internacional e da ONU, que denunciou o "estado terrível" das prisões no Brasil, Dilmafaz de tudo para que a crise não cole em seu governo. Enfrenta, porém, uma situação delicada, porque o senadorJosé Sarney (PMDB-AP), pai de Roseana, é um importante aliado.
Por ordem da presidente, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia embarcado à tarde para São Luís, para garantir o aval do Planalto às ações da governadora. O plano emergencial tem como ponto principal a criação de um comitê gestor unindo órgãos do Ministério da Justiça e Executivo, Legislativo e Judiciário estadual, Legislativo e Poder Judiciário, sob o comando de Roseana. "Algumas dessas ações já foram adotadas em Alagoas, São Paulo, Santa Catarina, Rio e Paraná e deram certo", afirmou Cardozo.
Há ainda a remoção de detentos para presídios federais, aumento do efetivo da Força Nacional, ampliação de mutirões carcerários e uso de videoconferências e monitoramento eletrônico. Na apresentação à imprensa, Roseana fez questão de dizer que o Estado já vem agindo - com investimentos de R$ 131 milhões para o reaparelhamento do sistema penitenciário, construção e reforma de unidades. Segundo ela, essas e outras medidas vão fazer com que, até dezembro, o déficit carcerário do Estado seja zerado, após o reforço de 2.800 vagas.
A curto prazo, o pacote anticrise seria uma solução para reduzir a possibilidade de uma intervenção federal. O governo já havia reforçado a presença da Força Nacional em Pedrinhas, mas, na avaliação do Ministério Público Federal, a medida não é suficiente. No fim de 2013, após a morte de 62 presos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou pedido de informações ao Maranhão. Para o MP, porém, as explicações enviadas, com promessas de construção de novos presídios e redução da superlotação, não indicaram nenhuma solução urgente nem garantia de que não haverá novos casos de assassinato.
Um pedido de intervenção federal está praticamente pronto no Ministério Público e o procurador-geral, Rodrigo Janot, avalia os termos do processo e o momento certo de encaminhá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Janot se reuniu na quarta-feira com Cardozo para tratar do assunto.
Política
Dilma não quer intervir no Estado controlado pela família Sarney. Mesmo porque, a depender da extensão do pedido do Ministério Público, o governo poderia ficar responsável pela administração do sistema prisional e teria até de afastar secretários estaduais.
No governo federal, informa-se que qualquer passo em falso de Dilma para ajudar a conter a onda de violência no Maranhão pode provocar uma crise, desta vez com o PMDB e a família Sarney, com impacto sobre a campanha da reeleição presidencial. Em 2010, Dilma obteve no Maranhão o segundo melhor resultado do segundo turno: 79% dos votos, atrás apenas dos 80% obtidos no Amazonas.
Até a viagem de Cardozo a São Luís, era o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão - indicado por Sarney - quem fazia a "ponte" com o Planalto e o Ministério da Justiça. Antes de embarcar em sua missão, ontem, Cardozo teve longa conversa com a presidente. Anteontem, a crise foi tema do almoço do ministro com a presidente e as colegas Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Maria do Rosário (Direitos Humanos), no Alvorada.
Até agora, Maria do Rosário foi a única a responsabilizar o governo do Maranhão pela "barbárie" e a dizer que cabe ao Estado a retomada do controle da situação. Dilma pediu a ela cautela com as palavras.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

  ÀGUA POTÁVEL DE QUALIDADE: QUAL O X DA QUESTÃO? Liduina Tavares¹ Em Bacabal a questão água potável está na oferta, na quantidade, na qualidade ou na gestão da água? O que você, leitor, acha de tudo isso?   O que impede a oferta de água potável de qualidade, em Bacabal? Vamos enumerar algumas possíveis causas, sem descartar outras tantas: 1.O sistema de distribuição é antigo, de ferro e solda. Nesses casos, possivelmente, libera estanho, ferro, cromo. 2. A provável falta de manutenção e de limpeza periódica na tubulação. Essa situação, em casos de tubulações antigas, pode ocasionar o acúmulo de lodo, podendo apresentar materia orgânica decomposta. 3. Possível presença de heterotróficos, coliformes totais e termotolerantes na análise microbiológica da água. 4. Possibilidade de Unidade Nefilométrica de Turbidez de valor menor que 0,5 e maior que 1de turbidez e ferro contidos na análise fisica da água. 5. Alegação do poder público que é alto custo dos produtos para limpe

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O MITO DA MERITOCRACIA  

DUBET, François. A igualdade meritocrática das oportunidades. In: DEBET, François. O que é uma escola justa? : a escola das oportunidades. Trad. Ione Ribeiro Vale. Rev. Tec. Maria Tereza de Queiróz Piacentini. São Paulo: Cortez, 2008.     Bartolomeu dos Santos Costa [1]     François Dubet é Sociólogo, professor, coordenador e orientador de pesquisas na Université Bordeaux II e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) de Paris, França. Pesquisador do Centre d’Analyse et d’Intervention Sociologiques (CADIS/EHESS), desenvolveu relevantes pesquisas no campo da sociologia. Dubet é autor e organizador de diversos trabalhos, dentre os quis, destacam-se estudos sobre questões relativas à Educação, movimentos sociais e, recentemente, sobre estigmas e discriminações.     A partir de suas pesquisas, cunhou a noção teórica de “Sociologia da Experiência”, tema que resultou no livro Sociologie de l’expérience (1994), publicado também no Brasil posteriormente.      Outros trabalhos de

AS MULHERES POR CIMA:

APONTAMENTOS SOBRE A IDEIA DE DESREGRAMENTO FEMININO NO INÍCIO DA EUROPA MODERNA E A INVERSÃO SEXUAL COMO MODO DE RESISTÊNCIA    Bartolomeu dos Santos Costa    Natalie Zemon Davis é uma historiadora estadunidense e canadense, nascida na cidade de Detroit, no estado de Michigan, Estados Unidos. Após ter realizado a sua gradua ção no Smith College e o seu mestrado no Radcliffe College, no ano de 1959, ela conclui seu doutoramento na Universidade de Michigan, estudou também na Universidade de Harvard. Foi professora em diferentes universidades como a Universidade de Princeton, a Universidade Brown, a Universidade da Califórnia e a Universidade de Toronto. Suas pesquisas, enquanto historiadora, incluem trabalhos importantes como Trickster Travels3, The Gift in Sixteenth-Century France The Return of Martin Guerre5 e Women on the Margins: Three Seventeenth-Century Lives. Davis recebeu diversos prêmios e reconhecimentos como o grau honorário da Universidade de St. Andrews e a National Humanit